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Este foi o primeiro trabalho de uma série desenvolvida nos anos em que me mudei para o apartamento arrasado. Consistia na total fragmentação para posterior reconstituição de imagens fotográficas analógicas, realizada no período em que a fotografia digital começou a se disseminar no Brasil. Todo o processo era manual, desde a captura, ampliação e montagem. A colagem não implicava em adição ou descarte de elementos; apenas restituía a foto integralmente com alguns fragmentos em outras posições.
O gesto de dividir a representação em unidades de igual tamanho com variações na remontagem sugere a relativização geral dos pontos de referência. Até mesmo os documentos e memórias estão sujeitos à arbitrariedade das circunstâncias interpretativas. A escolha pelo uso de imagens de céus, na série que este trabalho inaugura, ressoa o simbolismo arquetípico associado ao infinito, ao intangível e, ao mesmo tempo, faz referência ao horizonte comum a todos.
Com o incidente que dissolveu boa parte da emulsão química desta fotografia, o excesso de umidade provocou também visíveis ondulações na estrutura. A fim de evidenciar a peculiaridade do movimento, a peça foi colocada com certo afastamento do fundo em uma caixa de madeira, para que sua sombra projete o contorno abaulado. Esta e a próxima obra são as únicas originais na exposição.


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